Lula convoca a construção civil para virar o jogo no déficit habitacional do Brasil

O presidente Lula, durante cerimônia de abertura da 29ª Feira Internacional da Construção Civil e Arquitetura (FEICON)e da 

100ª Edição doEncontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) • Foto Ricardo Stucker

Com um discurso direto, entusiasmado e repleto de compromissos com o futuro do país, o presidente Lula conclamou a indústria da construção civil a assumir um papel decisivo na superação do déficit habitacional brasileiro. O apelo aconteceu nesta terça-feira (8), durante a abertura do Encontro Internacional da Indústria de Construção (Enic), realizado no Pavilhão 8 da São Paulo Expo, como parte da Feira Internacional da Construção Civil (Feicon).

Este ano, o evento tem como focos estratégicos a sustentabilidade, a tecnologia e a inovação — pilares que, segundo Lula, também precisam estar a serviço da reconstrução do país e da garantia do direito à moradia digna.

Ao lado de ministros e autoridades do governo, Lula falou diretamente aos empresários do setor, cobrando engajamento e soluções para um problema histórico.

“Pelo amor de Deus, vocês têm que ajudar a gente a acabar com essa marca de sete milhões. Faz 51 anos, gente, 51 anos!”, exclamou. Apesar de décadas de investimentos e da entrega de milhões de moradias pelo programa Minha Casa Minha Vida, o número de famílias sem casa própria no Brasil continua praticamente o mesmo.

Para o presidente, romper com essa estagnação exige estabilidade, previsibilidade e planejamento.

“É importante que a gente tenha clareza: nós precisamos de estabilidade econômica, estabilidade fiscal, estabilidade social e previsibilidade”, destacou Lula.

Apreensão com o cenário internacional

Durante sua fala, o presidente também demonstrou preocupação com medidas de cunho protecionista adotadas em outros países. Sem citar nomes, Lula comentou o recente “tarifaço” anunciado pelo governo dos Estados Unidos.

“Não vai dar certo […] Ninguém brinca de que o mundo não existe, com quase 200 países”, afirmou Lula, defendendo um modelo de desenvolvimento global baseado na cooperação e na abertura comercial.

Obras retomadas em todo o Brasil

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, aproveitou a ocasião para apresentar dados contundentes sobre a retomada de obras paralisadas em todo o território nacional. De acordo com ele, o governo Lula 3 já reativou mais de 4,5 mil obras de infraestrutura na saúde pública, além de mais de 3,5 mil escolas, creches, unidades de ensino fundamental, escolas em tempo integral e universidades.

No campo da habitação, 87 empreendimentos do Minha Casa Minha Vida foram retomados, depois de anos de paralisação.

“O Brasil voltou a ter governança, voltou a ter planejamento”, afirmou o ministro, ao ressaltar o novo momento do setor público e o esforço do governo federal para reorganizar políticas estratégicas.

Compromisso com a indústria da construção

Representando o setor, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, elogiou o diálogo aberto com o governo federal e o comprometimento com o fortalecimento da indústria. Para ele, Lula é o presidente que mais investiu em moradias para a população vulnerável.

Correia celebrou especialmente o anúncio da Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, que amplia o alcance do programa e permite atender uma nova camada da população.

“O uso de recursos do pré-sal é inédito para essa finalidade. Pode gerar uma nova revolução na habitação brasileira, assim como foi o Minha Casa Minha Vida em 2009”, afirmou.

Segundo ele, tornar essa fonte de financiamento estável e previsível, em conjunto com os recursos do FGTS, abre caminho para atender a grande demanda habitacional do país.

“Foi com satisfação que recebemos esse anúncio, que cumpre, presidente, a promessa feita por vossa excelência em novembro passado: de que não faltaria dinheiro para a construção. Muito obrigado por cumprir essa promessa”, concluiu.

Fonte: https://pt.org.br/