Passado o momento inicial de impacto, provocado pela enorme pirotecnia em torno da provável pré-candidatura do deputado federal Marcelo Castro (PMDB) a governador do Estado, começam a ficar mais nítidos os desafios a serem enfrentados pelo “Blocão”. Além da incômoda situação de estar associado à ideia de retomada ou reorganização das forças políticas consideradas historicamente mais retrógradas, as famigeradas oligarquias, com roupagem contemporânea, o projeto eleitoral do governo já nasce com uma dúvida pairando sobre si.
Quem, de fato, será o candidato ao Palácio de Karnak? A dúvida se justifica pela simples constatação de que há, no mínimo, uma indefinição importante no aparentemente perfeito esquema de governo, que hoje contaria com 17 partidos. Pode-se considerar, primeiramente, o desconforto interno entre aqueles partidários de Marcelo e os seguidores do vice-governador Antônio José de Moraes Souza Filho (PMDB), o Zé Filho, que deverá assumir o Governo do Estado no próximo dia 1º de abril.
Marcelo parecia ávido e exultante, num primeiro momento, diante da possibilidade de realizar o sonho de ser governador. Mas apesar de todo o esforço de Wilson Martins, para demonstrar que foi consensual – e consentida por Zé Filho – a suposta definição em torno do nome do candidato, está claro que o vice-governador peemedebista ainda não digeriu a escolha do esquema oficial. Anunciando que reservaria alguns dias para “pensar”, Zé Filho saiu de cena, gerando ainda mais expectativa sobre o que fará, na hipótese de assumir o governo.
Humildade X Tentação
Apesar da propalada “humildade” e “desprendimento” de Zé Filho, em favor da candidatura de Marcelo, resistirá o vice à tentação de lançar sua candidatura à reeleição, depois que empunhar a mais poderosa caneta do Piauí? Quem mesmo será o candidato a governador do “Blocão”? Marcelo Castro ou Zé Filho? Poderá ser o ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (PSDB), ex-candidato a governador, derrotado em 2010, por este mesmo bloco? Todas essas dúvidas deverão perdurar até março deste ano.
Tais indefinições fragilizam, em sua origem, os planos de manutenção do poder político-administrativo no Estado. O público-alvo em questão, ou seja, o potencial eleitorado da chapa majoritária do “Blocão” pode não estar seguro quanto ao nome, muito menos quanto à unidade do esquema situacionista. E isto é um dificultador do ponto de vista da realização do sonho de Wilsão e companhia, que terão pela frente um fortíssimo candidato a governador, líder disparado em todas as pesquisas, ainda a registrar a tendência de vitória de Wellington Dias no primeiro turno.
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