Pesquisar este blog

24/03/2012

PT 32 Anos - O Sonho Não Acabou

Regina Sousa é uma das fundadoras
do PT do Piauí

Por Regina Sousa


Até meus trinta anos, não fui filiada a nenhum partido, mesmo sendo militante ativa das lutas sociais. Pressentia, porém, que, daqueles movimentos, estava nascendo o partido em cuja moldura eu caberia. E nasceu o PT em 1980. Com ele, aprendi que pobres, trabalhadores e trabalhadoras, negros, negras e mulheres poderiam participar de política como protagonistas e não apenas como eleitores (as). E para provar isso, já em 1988, o PT elegia uma mulher, pobre e nordestina como prefeita de São Paulo: Luiza Erundina. Em 1990, mandava para o Congresso Nacional uma negra, moradora de favela no Rio de Janeiro, como Senadora, Benedita da Silva e uma trabalhadora rural de Santa Catarina como Deputada Federal, Lucy Choinacki


Desde o inicio, foi um partido que pautou o debate nacional, polemizou os mais variados temas e, como qualquer núcleo formado por humanos, cometeu alguns erros. Éramos conhecidos como briguentos, desaforados, fazíamos nossas próprias guerras internas, mas éramos também “Mosqueteiros:” todos por nossa estrela , e a palavra companheiro (a) era carregada de significado e sentimento. 

Somos sobreviventes de todo tipo de tempestade: tiroteio na Lapa (SP), onde “viram um revolver” na mão de um deputado do PT, depois desmentido; colégio eleitoral onde perdemos três deputados dos oito que tínhamos; sequestro de Abílio Diniz onde vestiram camiseta do PT em um dos sequestradores; depoimento de Mirian Cordeiro (ex do LULA); mensalão; aloprados, e, por último, em 2010, o fundamentalismo religioso em torno do aborto. 

O PT sempre foi um partido cheio de correntes ideológicas, onde uma vírgula nos fazia varar as madrugadas em debates acalorados para concluir uma votação de teses. Éramos movidos a sonhos e utopias. 

Até aqui, usei o verbo no passado, porque ando meio preocupada com o PT do presente; porque sinto (vejo) que as tendências ideológicas estão dando lugar aos grupos de fulano, de sicrano e beltrano, proliferando-se após qualquer divergência pessoal. Hoje, outros sentimentos andam movendo os militantes do PT; por nada, utilizam-se palanques sempre hostis ao PT para detonar a nós mesmos e enfraquecer o partido; a palavra companheiro está presa na garganta, freada nos discursos; esse patrimônio construído com prisões, torturas, mortes e sofrimentos, simbolizado na figura de Apolônio de Carvalho, filiado numero 1, esse PT que conseguiu fazer a esperança vencer o medo, que ousou falar de felicidade para o povo, parece estar ruindo diante dos nossos olhos, deixando de ser uma ideia, para ser mais uma sigla. 

Mas o sonho não acabou. Nós não vamos deixar o PT virar apenas algumas páginas nos livros de historia. Como dizia o petista HENFIL, ainda vejo uma esperança, ainda temos muito a fazer. Se for verdade que as nossas velhas bandeiras de lutas estão com prazo de validade vencido, novas bandeiras estão a nos desafiar: a sustentabilidade do planeta, o enfrentamento às drogas que dizimam nossa juventude, o consumo desenfreado que ameaça desabastecer o mundo e nos impõe combater o desperdício e a debater o consumo critico, além da urgência do debate sobre a intolerância e a criação de uma cultura de paz. 

Um partido que nasceu determinado a ser democrático, de massa e socialista, que tem na sua essência a participação popular, que radicalizou na democracia interna, estabelecendo eleições diretas para os diretórios, proporcionalidade nas instâncias, paridade de gênero e 20% das direções ocupadas por jovens abaixo de 30 anos, é um partido condenado a ser vencedor e a existir sempre, pelas mãos já enrugadas de seus fundadores, mas, sobretudo, pelas mãos destemidas de sua nova juventude que canta, dança, aspira e organiza os sonhos; que veste a camiseta do partido, bota a estrela no peito e acredita nos versos da canção que embalou os nossos ideais mais puros.




“Feliz quem carrega no peito no peito
Esse sonho de liberdade, 
Pra fazer com vontade,
De verdade um novo país;
Sem medo de ser feliz.”




Regina Sousa
Membro do Diretório Nacional do PT

Nenhum comentário:

Postar um comentário