A fala do governador Rafael Fonteles(PT),nos dois recentes eventos com a presença do presidente Lula em Teresina, foi muito significativa e didática.
Destaco três pontos de muita relevância.
Primeiro: a defesa do legado de Lula e de Wellington. O reforço sobre o que foi feito por esses dois e que colocam o Piauí hoje em um patamar distinto do que estava no início da década passada.
Segundo: o desmonte do discurso neoliberal. Rafael reforçou o papel irrenunciável do Estado como indutor da economia. E da necessidade de reformas estruturais que dotem o Estado da capacidade necessária de investimento para alavancar o desenvolvimento e arrastar o investimento privado (que só vem depois do Estado mitigar os riscos)
Terceiro: a aposta de que chegamos ao limite do que poderíamos fazer de distribuição de renda no atual modelo de desenvolvimento no Piauí. Que para avançar, é preciso industrializar o Estado (não basta o nosso modelo agroexportador e de serviços). A janela de oportunidade do Piauí é com a transição energética. A primeira revolução industrial foi movida a carvão. A segunda e terceira, pelo petróleo. A quarta exige a mudança da matriz energética do mundo.
Nesse quesito, a energia limpa se torna fundamental: hidrelétrica, solar e eólica. Eis o privilégio do Piauí, a posição estratégica adotada pelo Estado, em especial, e pelo Nordeste em geral.
Nos anos 90, quando o pensamento neoliberal era amplamente hegemônica no país e o pensamento crítico passou a ser durante atacado na academia e na mídia, surgiu uma novidade editorial: a Revista Caros Amigos. Ela reunia os principais jornalistas e colunistas do pensamento crítico brasileiro. Eu era assinante. Foi a minha principal fonte de informação naqueles anos difíceis.
Um dos articulista era Gilberto Vasconcellos, que, junto com Bautista Vidal, escreveu em 1999 a obra: "O Poder dos Trópicos", em que ele, há quase 30 anos, já falava sobre a falência do modelo energético fóssil e a necessidade de adoção, pelo Brasil, da biomassa energética como matriz, e que nada mais é do que a conversão da energia solar em energia pela fotossíntese.
O avanço tecnológico elevou a energia solar a outro patamar, dispensando a intermediação das plantas para a conversão energética. E hoje, o Piauí pode transformar o sol de algoz a redentor.
Debate primoroso, e me sinto maravilhado em assistir de perto essa mudança paradigmática.
Daqui a 20 anos veremos até onde fomos capazes de chegar: e as perspectivas são promissoras.
Marcelo Mascarenha é advogado e Procurador do Município de Teresina
Que análise cirúrgica
ResponderExcluirMuito importante esta análise, contudo sugiro que sobre a questão da energia limpa deva ser objeto de discussão com a participação ampla dos movimentos da sociedade civil...
ResponderExcluirInteressante essa reflexão
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