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27/06/2018

Não tenho pena de Manuela D’ávila • Texto: Fabíola Lemos

Fabíola Lemos
Alguém ja viu macho vaidoso debatendo com mulher inteligente? 

É de fazer pena assistir o corpo acusar, sem qualquer desfaçatez, o desespero de uma alma masculina. Suor, palidez, gesticulação excessiva e, o principal: os berros em tentativas frenéticas de interromper as desconcertantes argumentações daquela que deveria manter-se calada, encolhida e recolhida à seu medo "natural". 

Digo isso porque vivo em terra de homem que, em um mais simples gesto de cumprimento, se recusa a olhar na cara de uma mulher, que esteja acompanhada. A lógica inversa da ética faz muitos entenderem como uma espécie de afronta à seu dono - o homem. 

A pré-candidata à Presidência da Republica, Manuela D'ávila, no programa Roda Viva, foi exposta inescrupulosamente à um ritual de misoginia apelidado de "entrevista". 

Qualquer criança sabe que entrevista é um espaço onde a comunicação é protagonizada pela pessoa a ser entrevistada. Isso, claro, quando o interesse é ouvir as idéias do(a) interlocutor(a) e contribuir para o debate na sociedade. 

Frederico D'Avila, o "dito" repórter parece não saber nada sobre isso. 

Pra piorar, como um adolescente que só tem vida social em facebook, disparou que comunismo e fascismo são a mesma coisa. 

Mas onde tem macho graduado na Universidade do Fake News, tem também a famosa "vergonha alheia". Como ele vejo vários por ai todos os dias. 

Manuela phynissima plenissima transformou o embuste em uma piada nacional. 

Enquanto a moça dava um show de Sociologia, o nocauteado insistia em propor o apelativo, o palatável, bem ao gosto do cliente que só consome "obviedades". 

Não tenho pena de Manuela. Tenho orgulho! 

É assim que pisoteamos, com salto 15, a misoginia. 

Manuela deve ter tido seu momento de raiva e revolta por entender a violência da qual foi vítima. Mas, qual de nós já não conhece de forma íntima essa sensação que tanto nos cansa? 

Qual heroína não chega em casa cansada após o campo de batalha? 

Que nós mulheres aprendamos com a guerreira comunista e sigamos firmes na luta, causando muita raiva na macharada e nos revigorando a cada sensação de vitória.

Fabíola é professora de sociologia 

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